A
prática do consumo de arte é uma prática muito recente.
Para se entender isso, é
preciso, primeiramente, distinguir entre obra de arte e bem de consumo.
Antigamente, não se comercializava obras de arte como hoje se vende roupa numa
loja. A obra de arte historicamente sempre foi tida como produção do espírito
humano resultante de um determinado conjunto de técnicas mais ou menos bem
aplicadas sobre um objeto, e que exprimia nele certas qualidades sensíveis.
Quanto maior era a qualidade artística da
obra, maior era seu valor. E a fruição da obra necessitava de presença física,
visto que não era possível reproduzi-la em grande escala.
Quem
atrelou o valor da obra de arte a um potencial de consumo foram liberais e
capitalistas, a partir da possibilidade de se reproduzir cópias das mesmas com
fins de obtenção de lucro. Isso infelizmente acabou por redesenhar o lugar e o
significado da obra de arte. Assim, na virada do séc. XIX para o XX, a
definição do valor de uma obra começa a passar por duas situações: em uma
delas, um grupo fechado de merchands que se auto intitulam
"especialistas" em comércio de arte (sic!) define o valor
arbitrariamente, geralmente, sem levar em conta critérios como qualidade ou
expressão artística. A outra situação é aquela na qual a obra adquire conotação
de mero bem de consumo de massa: embora nessa situação a obra possa transmitir
certas qualidades artísticas, seu valor final residirá ainda em seu caráter de
utilidade e de rentabilidade.
Texto de: Daniel de Boni
Texto de: Daniel de Boni
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